7 de fev. de 2003

Ok, eu confesso. O mais isento e desapaixonado analista do futebol brasileiro anda torcendo descaradamente por um time. E pior: por um time que não é o seu.

Mas é irresistível. Não dá para ficar indiferente ao futebol desse Santos de Robinho e Diego. Esses moleques abalaram a minha legendária imparcialidade já ao fazer o que fizeram com o pobre São Paulo -- aquele da melhor campanha, melhor ataque etc. -- nas quartas-de-final do Brasileiro passado. Depois veio a surra no Grêmio. Futebol à parte, delicioso mesmo foi ver o singular ataque de pelanca em que se desfez o viadíssimo arqueiro gremista Danrlette. Ali, naquele exato momento, ganharam a eterna simpatia de Oswaldo Tinhorão. Até perdoei a surra que deram no Flamengo, na primeira fase.

Depois a final contra os gambá. Quando muita gente boa andou dizendo que a garotada santista iria amarelar diante dos corintianos, muito mais experientes e malandros, eis que Robinho fez o que fez com o Curintcha. Não só não amarelou como, na ausência do Diego -- o outro cracaço do time -- e do artilheiro Alberto, inventou três gols ex nihilo, do nada. E dois deles justamente quando o Curintcha tinha virado o jogo e parecia que os santistas, agora sim, sentiriam a superior malandragem adversária.

Anteontem os garotos deram um show na Colômbia, pela Libertadores. Mais que a desfaçatez com que o Santos goleou o adversário fora de casa, mais do que o olé e os malabarismos do Robinho, o que me impressionou mesmo foi a reação da torcida colombiana. Parecia, sem exagero, coisa de um outro Santos, de outros tempos, que também costumava ser ovacionado pelas torcidas adversárias América do Sul a fora. Parecia coisa de um Santos que, os mais velhos hão de se lembrar, tinha a segunda maior torcida do Rio, atrás apenas da do Flamengo. Quando jogava no Maracanã, enchia o estádio de admiradores.

E assim é que o Tinhorão vem cometendo essa indignidade de torcer por um time que não é o seu, hábito que não cultivava desde o Napoli de Maradona e Careca, lá se vão uns bons quinze anos.

Se outros cariocas seguirem o exemplo, logo, logo o Vasco será relegado à condição de terceira maior torcida do Rio.

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