O ANTI-RUBRO-NEGRO
Esta semana recomeçaram, pela centésima vez, os rumores de que Romário poderia estar de volta à Gávea.
Talvez seja honesto deixar claro, desde já, que minha percepção sobre este assunto está fortemente condicionada pelo relacionamento que, ao longo dos anos, o anãozinho manteve com nosso ídolo maior.
Quando o Flamengo era o Flamengo e jogar lá era um privilégio, não um favor que nos faziam, seria inconcebível um atleta que desejasse continuar vestindo o Manto sair dizendo desaforos ao Zicão. Chamá-lo “perdedor” porque não ganhou uma Copa do Mundo seria interpretado da única maneira admissível: como um desrespeito supremo ao Clube de Regatas do Flamengo, a sua história, a suas conquistas, a sua torcida. Ofender dessa maneira alguém que ganhou tudo pelo Flamengo, que escreveu o nome do Flamengo na taça de campeão do mundo, seria encarado como pouco caso intolerável à centenária história rubro-negra: os títulos do Flamengo, mesmo os mais importantes, mesmo os que custaram o sangue de seus jogadores, valem pouco ou nada na opinião do débil-mental que diz uma coisa dessas.
Que vá jogar com essa atitude no Fluminense ou no Vasco é problema do Fluminense ou do Vasco. Se quer jogar com essa atitude no maior clube do mundo, que vá para a puta que o pariu. Assim deveria reagir todo rubro-negro consciente e orgulhoso da história de seu clube. Claro, há os imbecis de pai e mãe que, entre Zico e Romário, estão com o anão. Há os calhordas que, diante do corte do nanico da Seleção de 1998, têm o topete de ir ao aeroporto -- com a camisa do Flamengo! -- fazer um teatrinho histérico e rasgar a foto do Zico.
Bem sei que o rapaz em questão levou uns tabefes merecidos numa briga de bar. Mas não foi o único a merecê-los. Existe uma geração perdida, que acompanha futebol de 1993 para cá, para quem o paradigma de craque e ídolo será eternamente o anãozinho vagabundo do Romário, com seu ego inflado e seu desprezo pelas cores que veste. Esses garotos, salvo os que se ilustraram e aprenderam o que é ser Flamengo, também mereciam levar uns safanões em casa. E o Romário, ídolo dessa gente que, ao idolatrá-lo, cospe no símbolo do clube, não devia poder passar nem na calçada de nossa sede.
Existem outras considerações, mais comezinhas, pelas quais não quero esse anão vagabundo na Gávea. Têm a ver com o ambiente de trabalho do clube, que se veria irremediavelmente perturbado com a volta do arruaceiro do Romário, num momento em que o de que o Nelsinho mais precisa é de tempo e tranqüilidade para botar a casa em ordem e montar um time.
Mas, francamente, diante de motivos que têm a ver com a nossa identidade de rubro-negros, nem deveria ser necessário esboçar esses outros argumentos.
10 de abr. de 2003
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