CONSIDERAÇÕES SOBRE O GALO
Quando eu despertei para o futebol, um dos fatos que mais chamavam a minha atenção era a singular aptidão que tinha o Clube Atlético Mineiro para se foder de verde e amarelo -- ou de preto e branco, como queiram. Era a época do maior Flamengo de todos os tempos, e Leandro, Júnior, Nunes e Zico fizeram do detestável Galo das Alterosas eterno freguês ressentido do Flamengo.
Seria um exercício inútil enumerar aqui todas as ocasiões em que o Galo chegou para decidir e a massa atleticana -- como, em Beagá, e só em Beagá, se convencionou chamar a torcida do time -- saiu do estádio cabisbaixa e com as insossas bandeirinhas alvinegras enroladas. Nem este post tem por objetivo fazer um levantamento histórico dessa magnitude. Pretende, antes, aventurar-se no terreno batido da psicologia de botequim e esmiuçar as razões pelas quais são tão numerosos os fracassos atleticanos na hora de decidir.
Quem não conhece Beagá como eu conheço há de estar justificadamente surpreso com a pretensão diletante do Tinhorão de se meter em coisa tão complexa como a psicologia coletiva de uma torcida composta por gente das mais variadas condições, classes sociais, preferências sexuais etc. Mas o forasteiro que visita Beagá e trava contato com a torcida do Galo não demora a se convencer de que está diante de um fenômeno psicológico digno de ser estudado em maior profundidade: é a torcida mais ressentida do Brasil, a mais recalcada, a mais invejosa.
Mas não se trata só disso. Essa patologia coletiva engendrou uma outra, muito mais irritante para o forasteiro que queira debater racionalmente com essa gente: à força de tanto se foder, o atleticano acabou convencendo-se de que nada do que lhe aconteça de ruim é culpa de seus jogadores. O Galo é eternamente perseguido, eternamente injustiçado, eternamente sacaneado por uma instituição sinistra que eles denominam o Eixo.
Na cabeça ressentida dessa gente, os dirigentes de Rio e São Paulo (o Eixo em questão é o Eixo Rio-SP) sentam-se regularmente a uma mesa redonda n'algum lugar secreto e inconfessável e comprazem-se em inventar novas fórmulas para sacanear os clubes de fora do Eixo, mas mui especialmente o Galo. Chega a ser comovedor, de tão inocente, imaginar Eurico Miranda atirando-se aos braços de Hélio Ferraz e, juntos, irmanados, comprometerem-se a fazer todos os esforços possíveis para ajudar o maior inimigo se ele disputar o que quer que seja com o Atlético.
Seria apenas mais uma teoria conspiratória entre tantas se não redundasse em conseqüências bastante palpáveis: com o refinamento da teoria, os atleticanos têm sempre à mão uma desculpa infalível a justificar todos os seus fracassos: é tudo culpa do Eixo. O Atlético fez dez pontos a mais que o campeão São Paulo em 1977, e ainda assim teve de decidir nos pênaltis? Culpa do Eixo, que, ao elaborar o regulamento, previu que o Galo ia disparar na frente. O Reinaldo foi expulso por fazer especulações sobre a honestidade da mãe do Sr. José de Assis Aragão, em 1980? Culpa do Eixo. O Palhinha foi expulso na mesma ocasião porque pediu para ser expulso? Culpa do Eixo. O Reinaldo foi expulso no ano seguinte por calçar o Zico por trás? Culpa do Eixo.
E, enquanto o atleticano mergulha nessa auto-complacência que tudo explica como maquinações sinistras de uma entidade fictícia, o cruzeirense trata de trabalhar, aceitar seus próprios fracassos como decorrências de imperfeições suas e vai, ao longo do tempo, acumulando títulos e mais títulos de relevo, entre Copas do Brasil e Copas Libertadores.
Por que isso agora? Porque Cruzeiro e Atlético têm tudo para disparar na frente neste Brasileiro. A minha aposta é que chegou a vez de o Cruzeiro levantar a taça. Num campeonato tão longo, serão inúmeras as oportunidades para o atleticano convencer-se de que o estão sacaneando e mergulhar nesse fatalismo tão típico dele.
Difícil vai ser explicar por que cazzo o Eixo fez do também belo-horizontino Cruzeiro o campeão do Brasil de 2003.
21 de abr. de 2003
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4 comentários:
Voce não entende e provavelmente nunca vai entender um Atleticano, o orgulho de ser Atleticano mesmo sem titulos mesmo sem vitorias sem ter um time competitivo! Torcer para o galo realmente nao tem explição! talves nem tenha, so quem conhece apemas quem realmente semtiu esta força sabe, mas tambem não sabe explicar tanta força paixão orgulho vigor que nos faz sentir capaz de conquistar o mundo so temos sertesa que isto um dia vai mudar e nos vingaremos de quem hoje nos apunhalam pelas costas mesmo que seja daqui 10,20,30 ou 40 anos, da pra sentir que esta proximo iremos ocupar o lugar que nos pertence 1 do mundo.
Complicado, esse Atletico de minas e sua torcida se acham... veja só porque eles são tão empolgados!
A propria imprensa mineira os acoberta, mima e passa mao na cabeça... desse jeito, vão continuar mediocres como sempre o foram.
www.mitodepenas.7p6.net
Ser considerado e ser chamado de atleticano é a pior ofensa moral que um ser humano pode sofrer.
Deveria inclusive ser considerado uma "injúria real", devido ao tamanho e a qualidade da agressão!!!
O adjetivo "atleticano" é uma espécie de coletivo dos piores impropérios que uma pessoa possa receber.
É uma tentativa de homicídio da honra e da moral.
Não desejo isso nem para o meu pior inimigo!!!
BLA BLA BLA BLA = IMPRENSA DO JORNAL ESTADO DE MINAS (ALGUNS POUCO E MEDIOCRES JORNALISTAS PATETICOS)..
QUANDO UM TIME NAO GANHA NADA, S'O RESTA UMA COISA PARA TENTAR LEVANTAR A MORAL: POESIA, MARKETING, ETC...TUDO PARA TENTAR DISFAR'CAR A MEDIOCRIDADE QUE SAO..NAO HORA DE DORMIR, SABEM MUITO BEM DISSO.. ENFIM, POESIA, ILUSAO E BABAQUICE ATLETICANO ENTENDE, VEJAM O POST DO AMIGO INFELIZ ABAIXO.
FUTEBOL NAO E COM ELES..
ATLETICO MINEIRO = NOVO AMERICA
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