26 de abr. de 2013

A FELICIDADE E ALGO MAIS

Nos momentos mais negros do patricismo, quando parecia que a ex-vereadora, secundada pelo pessoal da bocha, da pelota basca e das organizadas, andava a passos largos para encher o nosso saco por mais três anos, eu achava que a suma felicidade estava no poder odiar os perebas do meu time. Percebam: eu não pedia para ganhar tudo, passar o rodo e ainda limpar na cortina. Eu queria, pura e simplesmente, poder cagar baldes para quem era o presidente ou o vice-presidente-adjunto de parquinhos e recreação e passar os meus domingos praguejando apenas contra o corno do beque-central que não sobe numa porra duma bola alçada, ou contra o cretino do ponta-de-lança que, quando a chapa esquenta, se esconde na área e depois reclama que a bola não chega. Entre janeiro de 2010 e dezembro de 2012, essa era a minha idéia de felicidade.

Veio 2013 e a Srª. Patricia Amorim, graças a Deus, está desempregada e, faço votos, em busca do primeiro trabalho sério de sua existência terrena (não assim seu marido, que segundo consta já arrumou uma boquinha na ínclita SUDERJ). Veio o carioquinha e eu de repente me vi a praguejar contra o inútil Ibson (o único bípede a estar em campo nas duas maiores humilhações da história flamenga, contra o Santo André e contra o Ameriquinha do México), o sonolento Léo Moura e quantos mini-postes os nossos treineiros inventem para a lateral-esquerda. Então me lembrei de que a felicidade era um pouco mais que isso.

Cavalheiros, eu não espero deste Flamengo modelo 2013 muito mais do que uma participação decorosa nas competições que interessam (digo isso e imediatamente me recordo de que já escrevi isso antes, no imediato pós-Edmundo, e esse é o tamanho do estrago que deixou a ex-vereadora). Nunca fui de nutrir ilusões quanto aos nossos cartolas, mas hoje vejo os azuis trabalharem e sinto que ali temos gente que sabe aonde quer chegar, e não é na politiquinha fluminense. Só que, para esse projeto frutificar, o Flamengo, em campo, não pode expor-se a vexames de joelsantânica grandeza, como fez no carioquinha. Reincidir nisso será dar argumentos à malta recém apeada de todas as instâncias de poder do clube, e que não vê a hora de começar a tumultuar as coisas.

Temos aqui gente muito mais habilitada do que eu para fazer juízos técnicos, mas eu me aventuro a dizer que, com um par de contratações pontuais, o Flamengo tem material humano bastante para cumprir esse objetivo modesto, enquanto os cartolas tratam de pôr a casa em ordem. Do pouco que se viu de resgatável neste primeiro quadrimestre, os garotos Gabriel, Rafinha e Rodolfo mostraram alguns lampejos que justificam a esperança do torcedor de vê-los amadurecer e arrebentar com o Manto. Mesclados com a experiência e malandragem dum Renato e com o espírito de luta dum Hernane, hão de crescer a olhos vistos, São Judas Tadeu esteja, nesta mesma temporada que se inicia.

Para isso, claro, devem contar com o apoio da torcida, que andou desconfiada e ausente ao longo dessa excrescência cada vez mais injustificada que é o carioquinha. O preço dos ingressos ajuda a explicar isso, e uma coisa devia ficar clara aos nossos ilustrados cartolas: para que os senhores tenham tranqüilidade de construir no médio prazo em cima do que outros destruíram, temos de passar o 2013 incólumes. A torcida precisa abraçar esse time, com suas virtudes e limitações. É dar a ela condições de apoiar, que ela virá. Afinal de contas, este Flamengo, imperfeito como está, com um milhão de defeitos, voltou a ser o NOSSO Flamengo. Não é nada, não é nada, é a base de qualquer projeto de felicidade que se preze.

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