Terminada a apuração da primeira urna, e confirmada a derrota
acachapante da srª. Patricia Amorim, Eduardo Bandeira de Mello, como
convém ao Presidente da Nação, aceitou civilizadamente os cumprimentos
da perdedora. Era a coisa certa, o gesto apropriado, naquela hora.
Não se esperasse, claro, da srª. Amorim, a coisa certa e o gesto
apropriado por muito tempo. Ao deixar a Gávea, escoltada pelos jagunços
que em três anos foram seu melhor escudo contra a crítica democrática,
Patricia Amorim desandou a vomitar bobagens. Em vez de reconhecer erros e
fazer votos de que, quiçá, daqui a dez anos sócios e torcida
percebessem a importância de seu legado, a agora (Deus e São Judas Tadeu
sejam louvados) futura ex-presidenta bostejou bobagens sobre “um monte
de homens se reunir para derrotar uma mulher”. Uma coisa reconheçamos:
com todos os defeitos que tem, Patricia Amorim tem a grande virtude da
previsibilidade: quando acuada e derrotada, imediatamente se lembra de
sua condição de mulher e choraminga contra um mundo injusto gerido pelos
que têm pau. A acreditar nessa chorumela, a derrota dela própria nas
eleições para vereador há de ter sido um complô de maridos ruins que
determinaram a suas esposas em quem não votar.
Não é hora de enumerar os incontáveis defeitos de Patricia Amorim. O
eleitor rubro-negro já os sopesou e referendou o nome aclamado pela
torcida, em votação humilhante para qualquer presidente em exercício.
Mas, se hoje passo ao largo do amadorismo e da complacência com o
fracasso, da gestão temerária, da arregimentação de torcedores
profissionais como camisas pardas e do desrespeito com a história do
clube e seus ídolos, há um defeito que não quero nem posso deixar
passar. In a nutshell, Patricia Amorim foi a pior presidente da história do Flamengo em 117 anos porque nunca antes, como em sua gestão, se tentou opor o torcedor ao associado como
adversários e talvez inimigos. Nunca antes, em 117 anos, se pretendeu
opor o parquinho ao futebol, o estacionamento à sala de troféus, o Cesar
Cielo ao Zico. Que Patricia tenha sido derrotada por imensa
mobilização da torcida, com votação maciça de sócios off-Rio – os que não freqüentam o parquinho –, há de ser um desfecho educativo para todos os prefeitinhos e eleitores de prefeitinhos.
O Flamengo, cavalheiros, é muito mais que duas piscinas, quadras de
tênis, estacionamento, sauna e parquinho. É muito mais que os 2 mil e
poucos sujeitos que saíram de casa (alguns de longe pra caralho) para
dizer não a Patricia. O Flamengo são os milhões que ficaram ao pé
do rádio aguardando o desfecho das eleições e torcendo contra Patricia
Amorim. Quem não entendeu isso não apenas está errado. Quem não entendeu
isso não é Flamengo.
O gesto de Eduardo Bandeira de Mello, como eu disse no início, se
justifica pela magnanimidade que é preciso mostrar na vitória. Passado
esse momento, no entanto, é preciso não cometer o mesmo erro de 2002. É
preciso não nos conformar com a derrota, ou a destituição, de um
presidente nefasto. É preciso derrotar também, e reduzir à irrelevância,
os que deram sustento a essa forma antiflamenga de se fazer política na
Gávea.
Que o primeiro passo venha no dia 13 de dezembro, data magna do
calendário rubro-negro, quando se elege o Presidente do Conselho
Deliberativo. A Chapa Azul não pode desmobilizar-se. E não pode se
esquecer de que há, entre os candidatos, gente que não é Flamengo.
3 de dez. de 2012
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